Um dos heróis mais antigos do mundo chega com o seu primeiro filme para cinema. André Barcinski fez o serviço completo e entrevistou todo mundo da produção. Imperdível! Finalmente chegou a vez dos fãs do Fantasma . O filme estréia no próximo dia 13 de dezembro e promete fazer um certo barulho entre os fãs brasileiros, que não são poucos. Fantasma - O Espírito que Anda mostra o herói lutando contra o crime na década de 30. O filme todo relembra os primeiros momentos do personagem quando ainda era desenhado por Ray Moore. Todos os elementos clássicos estão lá: as mulheres fatais e misteriosas, Diana, a Caverna da Caveira, capeta, o cavalo Herói e por aí vai. O filme todo é bastante fiel à idéia do criador Lee Falk. A única alteração maior é Guran. No gibi esse personagem é o chefe da tribo dos pigmeus Bandar. No filme ele não é pigmeu e sim um cara alto. Mas chega de blá-blá-blá. A gente fez o serviço completo e entrevistou o ator Billy Zane, o diretor Simon Wincer e o lendário Lee Falk numa de suas raras entrevistas. Delicie-se com o Espírito que Anda. O ator Billy Zane nunca poderia imaginar que um dia interpretaria no cinema o Fantasma, seu herói predileto dos quadrinhos, "Desde criança sou fanático pelo Fantasma", garante o ator, que ficou conhecido no papel de um psicopata no filme de suspense Terror a Bordo (1989). Em entrevista exclusiva para a Herói, Zane falou de como treinou para interpretar o herói mascarado. Quer dizer que você sempre foi fã do Fantasma ? Desde pequeno! Foi a primeira história em quadrinhos que eu li, quando tinha uns oito anos, e desde então nunca mais parei de colecionar gibis. Por que você gosta tanto de Fantasma ? O que ele tem de especial ? Bom, em primeiro lugar ele não tem superpoderes, o que o torna mais humano. Ele nunca mata ninguém, o que também é legal, e precisa resolver todos os problemas usando sua inteligência. Acho que o Fantasma é um ótimo exemplo para todas as crianças. Também gosto do fato de suas histórias serem passadas na selva: sempre adorei florestas e outros lugares exóticos. Os gibis eram como um válvula de escape para mim, já que eu morava na cidade e sempre sonhei em conhecer países. No filme, você criou um jeito todo especial de o fantasma agir e se movimentar... Sim. Tentei imitar o ritmo de um tigre, que é um bicho ágil porém elegante. Achei que o Fanstasma, depois de anos morando na selva, teria aprendido a andar como alguns felinos. Ele se movimenta rápido porém sem grande estardalhaço. Assim que soube que eu havia conseguido o papel, comecei a fazer ginástica para entrar em forma, afinal de contas, não daria para ter um Fantasma gordo e preguiçoso como eu era! (Risos). Malhei todo dia por 18 meses para entrar em forma! Você fez isso por sugestão de Lee Falk (criador do Fantasma) ? Não, pensei nisso eu mesmo. É lógico que Lee, depois que viu, adorou. Ele disse que o meu Fantasma era da maneira exata imaginada por ele, o que me deixou muito contente. Vocês filmaram na Austrália, que é um país onde o Fantasma tem uma popularidade enorme... E como! A maioria da equipe era australiana, e eles estavam muito contentes por estarem trabalhando no filme do Fantasma. Lá o Fantasma é quase um deus, é impressionante! Técnicos da equipe traziam os filhos para assistir às filmagens e para pedir autógrafos, e todo mundo com quem eu conversava era fã do personagem há muito tempo. O fato de todo mundo conhecer e adorar o personagem não aumentou a responsabilidade de vocês, já que qualquer erro na história seria imediatamente reconhecido pela equipe ? Sem dúvida. Mas nós tentamos nos manter fiéis aos personagens originais, sem mudar muita coisa. Fãs do Fantasma que já assistiram ao filme ficaram contentes ao ver que o personagem não foi mudado, como aconteceu com o Batman.
O DIRETOR Antes de dirigir o Fantasma , Simon Wicer estava se especializando em filmes estrelados por animais gigantes: ele dirigiu Free Willy , cujo personagem principal era uma baleia, e logo depois fez Operação Dumbo , com um elefante. "Eu queria fazer um filme estrelado por um rinoceronte mas não consegui o roteiro certo", brinca Wincer. "Daí decidi fazer o Fantasma ". O projeto de um filme do Fantasma já existia há muitos anos, não ? Sim. O filme deveria ter sido feito há pelo menos dez anos, mas Lee Falk vetou os roteiros apresentados, porque modificavam demais o personagem. Acho que os estúdios de cinema consideravam o Fantasma um personagem adolescente demais, já que ele não mata ninguém, e queriam mudá-lo, com o que Lee não concordou. Quando conversei com Lee, garanti a ele que não iria modificar o personagem, que gostava dele exatamente como ele era, e acho que foi por isso que Lee decidiu fazer o filme. Realmente, fãs do Fantasma poderiam ficar decepcionados com muitas mudanças, não acha ? Sem dúvida. É um personagem amado exatamente porque é diferente dos outros, não é um super-herói típico, é um herói mais humano. Seria uma burrice tremenda mudar o personagem. Foi muito difícil construir os cenários do filme ? Até que não. A Caverna da Caveira foi fácil. Difícil foi reconstituir a Nova York do início do século. Como grande parte da história é passada na floresta, tudo que tivemos de fazer foi achar uma floresta bonita para filmar, o que não foi difícil. Como você ecolheu Billy Zane para o papel do Fantasma ? Eu tinha visto Dead Calm, e gostei muito dele. É um cara simpático e que não tem a arrogância de muitos astros do cinema. Queria alguém assim para ser o Fantasma. Alguém que parecesse uma pessoa normal, não uma estrela. É lógico que o fato de ele ser um galã também ajuda, pois as meninas vão à loucura...
O CRIADOR Este ano o Fantasma, um dos personagens mais famosos dos quadrinhos, está completando 60 anos. Foi o americano Lee Falk, um coroa simpático e engraçado, que criou o Fantasma em 1936, dois anos depois de ter criado outro personagem histórico, o mágico Mandrake . O aniversário do Fantasma está sendo comemorado por fãs em todo o mundo. Afinal, a tira do persongem é publicada em mais de 500 jornais, e continua muito popular. Prova disso é que Hollywood decidiu adaptar a história do Fantasma (também conhecido como o "Espírito que Anda") para o cinema, em um filme dirigido por Simon Wincer (diretor do sucesso Free Willy ) e com o ator Billy Zane ( Orlando ) no papel do Fantasma. Em Nova York, Lee Falk, 90 anos, falou com exclusividade à HERÓI sobre sua carreira e sobre o filme Fantasma.
O que o senhor achou do filme do Fantasma ? Maravilhoso. Estava muito preoupado com a transição da história dos quadrinhos para o cinema. Sabe, não é fácil passar da página para a tela, e eu queria que a versão para o cinema fosse fiel aos quadrinhos. Não queria que os leitores se sentissem enganados. Felizmente, todas as pessoas envolvidas no filme, de Simon (Wicer, diretor) a Billy Zane (ator) eram grandes fãs do Fantasma e preservaram as características originais do personagem. Como o senhor teve a idéia de criar o Fantasma ? Ih, rapaz! Faz tanto tempo! Me lembro que, depois de ter criado o Mandrake, em 1934, meu editor pediu para eu criar um herói urbano, que morasse na cidade. Na cidade ? Mas o Fantama mora na selva ! Sim, mas no início ele morava em Nova York! Depois achei que já haviam muitos heróis urbanos e resolvi mandá-lo para a selva. Achei que os leitores gostariam de ver umas paisagens exóticas! (Risos) Nas primeiras histórias ele andava a pé ou pendurado em cipós, mas percebi que não havia muita diferença entre ele e o Tarzan. Foi então que inventei aquele cavalo branco (o Herói), para o Fantasma poder se locomover um pouco mais rápido. O Fantasma não tem superpoderes. Por que ? Bom, na época eu achava covardia botar superpoderes em heróis. Dois anos depois, surgiu o Super-Homem e eu vi a burrice que tinha cometido. Que ótima idéia criar o Super-Homem! (Risos) O Fantasma foi também o primeiro herói mascarado... Sim, porque, como lhe disse, ele morava em Nova York e precisava esconder sua identidade. Depois que ele foi para a selva, pensei até em tirar a máscara. Afinal, de que adiantava esconder a sua identidade, se ele era o único branco de sua região? No Brasil, a roupa do Fantasma é vermelha, quando na verdade a roupa é roxa. Ouvi dizer que houve um erro de impressão que mudou a cor da roupa no Brasil. É verdade ? Essa história é muito curiosa: quando decidi que o personagem iria habitar a selva, resolvi fazer a roupa dele verde, para que pudesse se camuflar na vegetação. Fiz alguns desenhos e mandei para minha editora. Lá, eles inexplicavelmente mudaram a cor da roupa para roxo! Achei que eles tinham enlouquecido! Afinal de contas, era muito fácil ver um homem todo de roxo andando pela floresta, não? Depois a história foi vendida para uma editora francesa, que mudou a cor para vermelho. Daí muitos países, incluindo o Brasil, imitaram a cor usada pelos franceses. O personagem ainda é muito famoso no Brasil... Sim, eu sei. No início dos anos 70 eu fui ao Brasil para participar de uma convenção de quadrinhos e encontrei muitos fãs, inclusive o Pelé. Pelé ? Sim, fui até visitá-lo no vestiário depois de uma partida. Lembro muito bem, eu entrei no vestiário e ele estava só de sunga, parecendo um Hércules. Ele me pediu um autógrafo e eu pedi o dele, que tenho até hoje. A editora do Fantasma no Brasil inclusive criou uma história na qual o Pelé ajudava o Fantasma! Funcionou bem, Pelé e Fantama juntos... Em que outros países o Fantasma é popular ? Na Suécia. Lá existe até um parque de diversões do Fantasma. Também é muito popular na Austrália, no Japão e em outros países da Escandinávia. Para finalizar, gostaria de saber quando poderemos ver um filme do Mandrake. Mais cedo do que você imagina!